Quase ninguém sabe que há mais ou menos 4 anos parei de comer carne vermelha, frango e quase todos os tipos de peixe. Essa decisão aconteceu de forma gradual, por não me fazer bem sob diversos aspectos, e acredito que não tenha chegado ao fim. Não é fácil para completamente de consumir carne, menos ainda se tornar vegana.
O veganismo envolve uma série de razões éticas contra a exploração dos animais. Algumas pessoas condenam o radicalismo, dizem não viver sem carne, que parar de comer carne é bobagem, justificam que seres humanos são onívoros e alguns até zombam. Já eu, respeito a decisão e admiro a atitude que pra mim reflete a evolução da consciência sobre o valor e direito pela vida do outro, seja quem for. Quem sabe um dia chego lá…
Mas, você deve estar se perguntando por quê estou falando tudo isso. É que o vegano não deixa de lado apenas a carne, mas tudo que é de origem animal, o que obviamente inclui sapatos e bolsas de couro, roupas de seda, assim como alguns cosméticos e produtos de higiene pessoal. Por isso tive a ideia de convidar a amiga Roberta Cardoso para falar um pouco sobre a sua decisão de se tornar vegana, como está sendo esse processo de adaptação e suas novas escolhas para alimentação, guarda-roupas e necessaire. ;)
Amanda Dragone – Como você decidiu seguir o veganismo?
Roberta Cardoso – Eu sempre tive problema para cozinhar e descobri que o ponto estava exatamente em mexer com derivados animal. Eu tinha aversão à carne! Além disso, já era engajada em causas a favor dos animais e fui percebendo que não fazia muito sentido amar gatos e cachorros e comer outros bichos. O ser humano não tem o direito de apontar e dizer que um bicho é comestível ou não. É uma questão cultural que não paramos para questionar o porquê e simplesmente comemos.
Eu queria me tornar protetora dos animais de fato, mas achava hipocrisia fazer isso consumindo derivados animal, porque não há nenhuma forma de você consumir um produto de origem animal ou testado em animais, sem violação e crueldade.
AD – Você se sente restrita quanto a sua alimentação?
RC – Não me sinto restrita a nada, porque é possível adaptar tudo! Parei de tomar o leite de vaca, em compensação, passei a consumir mais de cinco tipos de leite, como o de coco, de aveia, de soja, de amêndoa, de arroz, de amendoim…
Para fazer um bolo, a farinha de linhaça ocupa o lugar do ovo perfeitamente e ainda tem uma vantagem: se você exagerar na quantidade, seu bolo não vai desandar. #ficaadica
AD – Qual tem sido a sua maior dificuldade na adaptação dos novos hábitos?
RC – Tenho sofrido um pouco com lanchinhos rápidos, porque são poucas as marcas que tem produtos livres de traços de leite, por exemplo. Então preciso preparar tudo! Mas já descobri alguns industrializados, como Requei Soy, um requeijão de soja sabor chedar, que é maravilhoso! Creme de leite e leite condensado… a gente vive fazendo brigadeiro! :D
AD – Por conta da nova alimentação, sentiu diferença no corpo e bem estar?
RC – Apesar de estar comendo bem mais que antes, percebi que estou mais magra. Mas a maior mudança que notei foi no meu humor. Eu costumo me irritar fácil, mas desde que mudei meus hábitos por conta do veganismo, me sinto mais disposta e tranquila.
AD – Você conhece outras pessoas veganas?
RC – Um amigo meu, Paulo Vitor, é fisiocuturista vegano! Uma pessoa que pode quebrar qualquer conceito que exista sobre veganos magros e desnutridos. Ele é bem forte! O espinafre, por exemplo tem muito mais proteína que a carne! ;)
AD – O que não entra mais no seu guarda-roupas?
RC – Hoje eu evito seda, camurça e principalmente couro. Compro sapatos da Melissa, Petit Jolie, Piccadilly e evito marcas que, apesar de terem produtos de couro sintético e ecológico, oferecem também peças de couro legítimo.
AD – Quais são as marcas de cosméticos que você compra atualmente?
RB – Não é difícil encontrar ótimas marcas cruelty free bem perto da gente, a O Boticário, Quem Disse, Berenice?, Vult Cosmética, Granado, Natura e Lolla Cosmetics, por exemplo, não fazem teste em animais. Para o vegano não basta o produto não ser de origem animal, tem que seguir alguns critérios éticos.
O site da PETA divulgou uma lista com marcas que não fazem testes em animais – clique aqui para conferir. Qualquer pessoa pode consultar! No final das contas basta se interessar, porque não é nenhum sacrifício. Você não morre porque não está usando um sapato lindo de couro. Hoje penso no impacto das minhas escolhas e sinto minha consciência mais tranquila e me sinto mais feliz assumindo essa postura. Hoje eu consigo me dizer protetora!
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Essa conversa com Roberta me fez refletir sobre pontos que venho pensando desde que parei de comer a maioria das carnes. Mas, quero deixar claro que não quero convencer ninguém a ser vegetariano ou vegano (eu mesmo não sou), mas trazer mais informação e compartilhar experiências com quem tem interesse no assunto. Espero que gostem de conhecer outras realidades ou se identificar com algumas delas. Eu adoro trocar figurinhas. Obrigada Beta!
E por fim, uma entrevista bem interessante que Lilian Pacce fez para a GNT com a estilista Stella McCartney, que é vegana também e contou um pouco sobre a sua postura quanto ao assunto no mundo da indústria da moda. Clique na imagem abaixo para assistir!
PS.: Uma dica da amiga and blogueira Mai, do Cremilda.
Amiga, seus tsextos sao sempre otimos, gosto do jeito que voce escreve sem querer ditar nada pra niguem :)
Acho bacana o pensamente vegano, mas fico pensando no consumo exacerbado do plastico como alternativa (no caso dos sapatos e talz) e tambem dos trangenicos. hoje temos que nos preocupar com tudo que nos cerca, se acertamos de um lado, pecamos no outro. É dificil encontrar o equilibrio perfeito! Mas o mais legal eh ver q tem cada vez mais gente se preocupando em problematizar as coisas, tentando tirar de si a ideia de “protagonista do universo” e respeitando o proximo. Vish, viajei aqui, né? Rsrsrs
Enfim, era só pra te elogiar
Nossa, viajou nada! Perfeito seu comentário. Muito relevante e ainda uma boa surpresa, porque muita gente tem preconceito e não entende que a gente deve respeitar as diferenças e posição do outro. Vai entender, né? É realmente muito bom ver que está havendo preocupação, e assim, podemos achar novas soluções para outros problemas, como esse que você citou. Você assistiu à entrevista com Stella McCartney? Ela fala sobre a descoberta de novos materiais justamente pra não precisar usar o PVC, presente nas peças de couro ecológico e sintético, por exemplo. E tudo com muita qualidade! Obrigada viu? Por estar sempre presente e acrescentando no blog e em minha vida!
Obrigado pela citação! :D
Go vegan!
Eu que agradeço, por praticar uma atitude tão bacana e servir como exemplo e inspiração pra tanta gente que se interessa pelo assunto! :D
Mas é importante prestar atenção para a deficiencia da vitamina B12, ela só é encontrada em alimentos de fonte animal ( tem em algas e fermentados (levedura de cerveja por exemplo) que tem em sua forma inativa então não é bom) . Quem é vegano tem que ter um suplemento desta vitamina (tem algumas marcas de leite de soja que são fortificados com essa vitamina) pois apesar de seu estoque ser praticamente o mesmo por anos, ocorre perdas pequenas que com o tempo pode levar à sua deficiencia e suas consequencias (formigamento em extremidades, perda de sensibilidade, anemia etc.). Bjoo Mandinha!! =D
Estou amando a participação dos meus amigos nesse post! Ainda mais de uma futura médica. Toda informação é bem vinda e ajuda para que cada um siga com o tipo de alimentação que mais se identifica sem comprometer a saúde. Obrigada Carlinha!!!